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A mostrar mensagens de março, 2010

UNIRAM AS MÃOS E FUGIRAM GUIADOS PELO AMOR

O Cristo daquela terra morrera. A Páscoa trazia movimento, cor e alegria à aldeia. Os jovens jogavam à bola na rua principal. As mulheres organizavam-se na cozedura dos bolos de azeite. Ricardo, neto da D. Alzira, agarrava-se ao avental da avó enquanto esta batia na massa à semelhança de um pugilista. O forno comunitário era a casa de muitos nesta época especial. Enquanto os bolos coziam, as conversas rodavam à volta da fuga de da filha da D. Teresinha, a professora da terra e muito respeitada na aldeia, com o filho do Sr. Agostinho, homem trabalhador honrado que fazia os possíveis e impossíveis para manter o seu rebento a estudar em Coimbra. D. Teresinha, conhecedora do murmurar do povo sobre aquela relação, proibira qualquer aproximação de sua filha Ana àquele rapaz de origem humilde. O velho ditado ainda estava enraizado:"homem pobre casa com mulher pobre"; " homem rico casa com mulher rica". Naquela madrugada de Abril, Ana e Carlos uniram as mãos e fugiram guia

"Como é que alguém pode deixar de sonhar tão cedo?

A paisagem campreste, obra de arte do criador, era igual todos os anos. As flores das mimosas eram as primeiras a visitar o ser humano a quem o Criador se manifesta da melhor maneira. Lá longe, Artur continuava a sua labuta diária, com o coração sempre presente nesta terra que parecia não ter coração. O sonho de um futuro melhor para ele e para o seus não era uma utopia. Recebera uma carta de sua mulher onde esta expressava a saudades do seu sorriso e do seu carinho. Aproveitava também para lhe contar as "novas" da freguesia. O Aventoinha perecera nas pedras da calçada durante uma noite fria de Inverno. O maldito vício vencera pois aniquilara cobardemente mais um a quem a força do amor humano faltara. Aventoinha não tivera o carinho da mãe que morrera ainda muito nova. Nunca ultrapassara esta falta de afecto. Artur, lá longe, reflectia e interrogava-se "Como é que alguém pode deixar de sonhar tão cedo!".