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A mostrar mensagens de agosto, 2012

A FESTA NA ALDEIA

A festa da aldeia realizava-se todos os anos em Agosto. Neste ano, o poder local rapidamente se disponibilizou para liderar este evento. As boas relações entre poder e igreja permitiam um casamento feliz que fazia com que não se distinguisse muito bem o ensinamento que Cristo trouxera à terra. "A Deus o que é de Deus e a César o que é de César". O Sr. Bernardino liderava a Junta há 20 anos. O tacto político que verdadeiramente possuía, tornavam-no respeitado porque temido. Na sua vida profissional não triunfara. Possuía um pequena empresa de cimento que rapidamente foi à falência. A sua prima do coração era uma assídua da igreja. Por isso, funcionava um pouco como a assessora para os assuntos religiosos. Na verdade, a sua função era demasiado importante para a permanência no poder. A reunião era no cartório do Sr. Padre Jorge. - Boa noite, Sr. Abade!- saudou o Presidente da Junta. - Ora viva! Com vai o governo da nação, melhor, da freguesia? - Muito trabalho! Para

O NATAL

Em dezembro, para além da labuta da apanha da azeitona, o natal era a outra face do inverno. O frio era o companheiro das gentes que, à semelhança dos pastores, viam, ao longe, a estrela que os guiaria para uma sociedade mais humana e, consequentemente, mais justa. Os penedos, nesta altura, encontravam-se revestidos de musgo. As crianças, mais uma vez, eram prendadas pelo divino da matéria prima indispensável para fazer o presépio. Este era colocado todos os anos em lugar de destaque na casa de Artur. Os valores simbolizados ainda eram abraçados por Artur e pela sua família. O vento gélido beijava ternamente a torre da igreja. Lá fora, as luzes brilhavam mais que nunca. O sacristão já tocara para a missa do galo. Os "lisboetas" deliciavam-se com as filhós amassadas pelas mãos duras e calejadas das gentes da serra. O Sr. Padre viera consoar a casa do Sr. Alípio. Aqui não faltava nada. O desejo de agradar ao prior fizera com que o orçamento para esta época aumentasse. O pão-

A NOVIDADE

- A filha do Sr. Costa está grávida!- disse Isabel sem qualquer complexo. - Casaram no último Verão e não perderam tempo. Ainda bem! A nossa terra necessita de gente como de pão para a boca. Qualquer dia só os velhos povoam esta terra ! - Sem trabalho e com a vida cada vez mais cara não vai ser fácil…- lamentou Artur como se aqueles também fizessem parte da sua família. A refeição terminava sempre com o visionamento da telenovela “Gabriela, Cravo e Canela”, novidade para esta sociedade que se habituara a recear a novidade...

TERNURA

Em casa, D. Angelina, mãe de Artur, esperava ansiosamente a razão do seu viver. O caldo, a tranca da barriga, já “estava na mesa”. A lareira tornava aquele humilde lar ainda mais acolhedor. - Boa noite, mãe!- exclamavam em uníssono quando chegavam a casa, Artur, Isabel e Pedro, melhor, o Pedrito. - Vinde com Deus! – Respondia D. Angelina com um sorriso pleno de ternura. Após o beijo, sentavam-se no lugar que encontravam. Aqui os valores democráticos não dependiam de idade, sexo ou estatuto. - O caldo já está na mesa, meus filhos! Cansados mas ainda anda com um sorriso para retribuir, cada um acomodava-se à volta do repasto noturno e partilhava com a sua mãe as novas daquela pequena sociedade.