A MERCEARIA

Este episódio chegara aos ouvidos de Florinda, esposa de Artur, através do Igrejas, o sacristão. Este percorria de lés alés a aldeia, ávido de saber novas. A mercearia era a redacção onde se organizavam as notícias, havendo sempre uma ajudinha da D. Carlota, na divulgação das mesmas. Muitos dos clientes que angariava, era fruto da curiosidade popular: "saber da vilha alheia". Por isso, esta era de facto uma "notícia" bombástica: "O filho do Sr. Luís foge com a filha da Sra. Professora".
- Um rapariga tão prendada, filha de D. Rute, fugir com aquele pelintra! - Exclamava D. Carlota.
- É uma vergonha! - Concordava o Igrejas.
- Mas culpado não é a menina! O culpado é aquele desgraçado que pensa por estudar na grande cidade pode fazer o que lhe apetece! - Acrescentou D. Miquinhas, a empregada do Sr. Abade
- Para tomarem esta atitude é porque lá tinham as suas razões!- Contrariou Florinda.
D. Miquinha com um ar reprovativo replicou:
- Não me diga que ainda os está a defender!
- Quando todos percebermos que só com o coração preenchido encontramos a verdadeira felicidade, talvez entendamos estes dois jovens.-retorquiu Florinda.
Sorriu, pagou e saiu acompanhada de um raio de sol que teimosamente rompia por entre as nuvens.

Comentários

Al Cardoso disse…
Eram assim de facto as mercearias das nossas aldeias, e essa ma lingua tao usual.
Parabens que o meu amigo sabe expressar muito bem, a vida de tempos creio ja passados!

Um abraco de amizade dalgodrense.
Anónimo disse…
Parabens, não conhecia este teu lado
Sandra

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