A FESTA DAS VINDIMAS

O verão terminara. Com o regresso do outono, somava-se a festa das vindima. Os conterrâneos que tinham partido para outras paragens regressavam neste tempo outonal. Os parentes necessitavam de ajudam na dura tarefa das vindimas.  Agora era o néctar dos deuses que era necessário sugar daquelas encostas que  recebiam beijos calorosos do sol. As uvas reluzentas, à semelhança de Inês que fora mandada degolar pelo avô de seus filhos, eram cortadas pelas mãos de homens, mulheres e crianças. Era a festa da família e dos amigos! Os primos de Artur que viviam na grande cidade deliciavam-se a respirar o aroma fresco da manhã. A dureza do trabalho era ultrapassado pelo convívio e pela partilha. Os burritos caminhavam por vales e encostas, transportando as uvas deliciosas que iam sangrando. A feijoada retemperava as forças, tão necessárias para fazer cumprir aquele ritual outonal. Quando o trabalho campal cessava, iniciava-se o ritual caseiro da pisa da uva. Os homens, num abraço fraterno, faziam transformar o bago em vinho. Este inspirava os "pisadores" nas cantigas que entretanto se faziam ouvir pelo serpenteado da aldeia, "Figueiró, terra de rara beleza...". Um acordeão, por vezes, tornava estes momentos ainda mais deliciosos.

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