OUTONO, UMA ESTAÇÃO DE EMOÇÕES

O mês  de outubro aproximava-se. Com ele, vislumbrava-se já o quadro negro, o giz branco, a secretária da senhora professora e o Cristo crucificado. As férias estavam prestes a terminar. A rotina da escola era quase uma realidade para o irmão mais novo de Artur, o Pedrito. A passagem pela tasca do "Ti Zé" para comer o paposeco com molho das iscas, era um dos lados bons desta estação. 
Enquanto a escola não começava, era o tempo da "caça" aos tralhões que nesta época abundavam nas serras e vales da sua terra. As oliveiras e árvores de frutos recebiam estas pequenas aves que nesta época davam mais vida a uma terra com cada vez menos vidas. No dia anterior, tinham apanhado a "aúde" com a qual enganariam as ingénuas pequenas aves.
Ainda o sol pestanejava, já  Pedro anda de casa em casa a chamar os colegas para o grande dia de emoções. Chegados às encostas,   o terreno era armadilhado com os "costilos" ou costelos. Manualmente, levantam um pouco a terra e colocam a armadilha a observar a árvore de fruto que o tralhão visitava frequentemente. Lá em baixo, um brilho enganador ludribiava a pequena ave. O voo da morte aterrava sobre aquele petsico enganador. Ouvia-se um pequeno som trágico. 
Após algum tempo de espera, com grande emoção, o bando de crianças fazia as diversas "rondas" pelas armadilhas. A emoção da nova era exteriorizada com a expressão "mais um!. A pobre ave morrera para alegrar aqueles petizes! O momento de glória ocorria quando entravam na povoação com os "tralhões" atados uns aos outros, formando, deste modo, um cordão que colocavam ao peito. Talvez um acto um pouco cruel, todavia eram momentos de camaradagem e emoção que não se encontravamem mais lado algum.

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