A FESTA NA ALDEIA

A festa da aldeia realizava-se todos os anos em Agosto. Neste ano, o poder local rapidamente se disponibilizou para liderar este evento. As boas relações entre poder e igreja permitiam um casamento feliz que fazia com que não se distinguisse muito bem o ensinamento que Cristo trouxera à terra. "A Deus o que é de Deus e a César o que é de César". O Sr. Bernardino liderava a Junta há 20 anos. O tacto político que verdadeiramente possuía, tornavam-no respeitado porque temido. Na sua vida profissional não triunfara. Possuía um pequena empresa de cimento que rapidamente foi à falência. A sua prima do coração era uma assídua da igreja. Por isso, funcionava um pouco como a assessora para os assuntos religiosos. Na verdade, a sua função era demasiado importante para a permanência no poder.
A reunião era no cartório do Sr. Padre Jorge.
- Boa noite, Sr. Abade!- saudou o Presidente da Junta.
- Ora viva! Com vai o governo da nação, melhor, da freguesia?
- Muito trabalho! Para se contentar o povo é necessário fazer mais malabarismos que o circo do Zé Castrim!
- As eleições aproxima-se! Há que começar a trabalhar.- Aconselhava afavelmente o abade.
- Está tudo controlado!
- Não diga isso! Olhe que o seguro morreu de velho.
- Não há ninguém que tenha a coragem de me enfrentar. Tenho tudo nas minhas rédeas, não é Sr. Feliciano?- perguntou o presidente ao tesoureiro da Junta, o Carlos.
- Tem sido esse o segredo para ganhar as eleições. Os potenciais candidatos fogem logo. Por isso, tem sido um belo passeio na ida à urnas.
- Ouvi dizer que este ano vai ser diferente! A oposição está a organizar-se.

- Isso acontece sempre mas na "hora h" desistem!

- Olhe que não. Este ano eles vão lá.

O Presidente da Junta ficou tenuamente pensativo mas rapidamente passou ao que interessava. A festa na aldeia, como preparação para ganhar as eleições. Este ano a festa em honra de Santa Apolónia tinha que arrasar!



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