Há penedos que impedem o desenvolvimento de uma região e a felicidade de uma sociedade
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Um espaço fictício que não esconde as sensações bebidas por quem vive numa terra onde os penedos, metaforicamente falando, impedem o desenvovimento, o progresso de uma terra e a felicidade genuína das gentes locais.
Parecia que o dia nunca mais terminava. O resultado eleitoral nunca mais chegava. O povo, desejoso da libertação, ansiava por aquele dia. O voto de cada um era, verdadeiramente, o contributo individual para uma sociedade mais justa e, consequentemente, mais verdadeira.Os "donos da terra", como ironicamente eram apelidados, receavam que o seu único prestígio fosse levado pelo rio da democracia verdaeira. Desta vez, os cidadãos não tiveram medo. Aperceberam-se que o bem da comunidade deve ter a primazia sobre o bem individual. Após décadas do mesmo regime concelhio, a água da democraci trazia a esperança de uma melhor qualidade de vida para a sociedade local. O 31 de Março daquele domingo eleitoral, trazia a esperança . O Abril de outros tempos estava prestes a chegar. Na alma de cada cidadão, pairava ainda uma neblina de dúvida.
O mês de outubro aproximava-se. Com ele, vislumbrava-se já o quadro negro, o giz branco, a secretária da senhora professora e o Cristo crucificado. As férias estavam prestes a terminar. A rotina da escola era quase uma realidade para o irmão mais novo de Artur, o Pedrito. A passagem pela tasca do "Ti Zé" para comer o paposeco com molho das iscas, era um dos lados bons desta estação. Enquanto a escola não começava, era o tempo da "caça" aos tralhões que nesta época abundavam nas serras e vales da sua terra. As oliveiras e árvores de frutos recebiam estas pequenas aves que nesta época davam mais vida a uma terra com cada vez menos vidas. No dia anterior, tinham apanhado a "aúde" com a qual enganariam as ingénuas pequenas aves. Ainda o sol pestanejava, já Pedro anda de casa em casa a chamar os colegas para o grande dia de emoções. Chegados às encostas, o terreno era armadilhado com os "costilos" ou costelos. Manualmente,...
Em dezembro, para além da labuta da apanha da azeitona, o natal era a outra face do inverno. O frio era o companheiro das gentes que, à semelhança dos pastores, viam, ao longe, a estrela que os guiaria para uma sociedade mais humana e, consequentemente, mais justa. Os penedos, nesta altura, encontravam-se revestidos de musgo. As crianças, mais uma vez, eram prendadas pelo divino da matéria prima indispensável para fazer o presépio. Este era colocado todos os anos em lugar de destaque na casa de Artur. Os valores simbolizados ainda eram abraçados por Artur e pela sua família. O vento gélido beijava ternamente a torre da igreja. Lá fora, as luzes brilhavam mais que nunca. O sacristão já tocara para a missa do galo. Os "lisboetas" deliciavam-se com as filhós amassadas pelas mãos duras e calejadas das gentes da serra. O Sr. Padre viera consoar a casa do Sr. Alípio. Aqui não faltava nada. O desejo de agradar ao prior fizera com que o orçamento para esta época aumentasse. O pão-...
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