Há penedos que impedem o desenvolvimento de uma região e a felicidade de uma sociedade
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Um espaço fictício que não esconde as sensações bebidas por quem vive numa terra onde os penedos, metaforicamente falando, impedem o desenvovimento, o progresso de uma terra e a felicidade genuína das gentes locais.
- A filha do Sr. Costa está grávida!- disse Isabel sem qualquer complexo. - Casaram no último Verão e não perderam tempo. Ainda bem! A nossa terra necessita de gente como de pão para a boca. Qualquer dia só os velhos povoam esta terra ! - Sem trabalho e com a vida cada vez mais cara não vai ser fácil…- lamentou Artur como se aqueles também fizessem parte da sua família. A refeição terminava sempre com o visionamento da telenovela “Gabriela, Cravo e Canela”, novidade para esta sociedade que se habituara a recear a novidade...
Na aldeia, o vento gélido beijava ternamente a torre da igreja. Lá fora, as luzes brilhavam mais que nunca. O sacristão já tocara para a missa do galo. Os "lisboetas" deliciavam-se com as filhós amassadas pelas mãos duras e calejadas das gentes da serra. O Sr. Padre viera consoar a casa do Sr. Alípio. Aqui não faltava nada. O desejo de agradar ao prior fizera com que o orçamento para esta época aumentasse. O pão-de-ló, oriúndo da cidade vizinha, era o símbolo da riqueza em terras cujas suas gentes viviam com o "pão nosso de cada dia". Na casa da Sra. Alice, a sopa de natal, tida para os ricos como a "vianda do povo", deliciava os pequenos e graúdos. No silêncio da noite, a solidão fazia-se ouvir pela voz do "Aventoinha".Naquela noite, até os corações de pedra se tornavam em corações de carne. O Deus dos mais fracos e dos infelizes fazia-se ouvir na voz rouca daqueles que ao longo do ano vivem sem amor. O acto de amar ainda é visto com estranheza
Naquele tarde de Agosto, o silêncio da terra mãe produzia uma mística semelhante à do local da invoçação do Divino. As ruelas, cobras que passeiam os montes e as pedras desta terras, fazem-nos "donos" de uma aldeia para quem o viver puro e simples é a motivação da maior parte dos seus habitantes. O sino apelava à oração, através da santa missa, onde eram lembrados muitos daqueles que outrora passearam e tropeçaram na calçada. O emigrante bebe intensamente o ar e o sentir do seu habitat. O próximo ano, mês de Agosto, será o regresso e o sonho de um dia poder regressar, ciente que o seu coração estará simultaneamente na terra que o recebeu.
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