Há penedos que impedem o desenvolvimento de uma região e a felicidade de uma sociedade
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Um espaço fictício que não esconde as sensações bebidas por quem vive numa terra onde os penedos, metaforicamente falando, impedem o desenvovimento, o progresso de uma terra e a felicidade genuína das gentes locais.
O mês de outubro aproximava-se. Com ele, vislumbrava-se já o quadro negro, o giz branco, a secretária da senhora professora e o Cristo crucificado. As férias estavam prestes a terminar. A rotina da escola era quase uma realidade para o irmão mais novo de Artur, o Pedrito. A passagem pela tasca do "Ti Zé" para comer o paposeco com molho das iscas, era um dos lados bons desta estação. Enquanto a escola não começava, era o tempo da "caça" aos tralhões que nesta época abundavam nas serras e vales da sua terra. As oliveiras e árvores de frutos recebiam estas pequenas aves que nesta época davam mais vida a uma terra com cada vez menos vidas. No dia anterior, tinham apanhado a "aúde" com a qual enganariam as ingénuas pequenas aves. Ainda o sol pestanejava, já Pedro anda de casa em casa a chamar os colegas para o grande dia de emoções. Chegados às encostas, o terreno era armadilhado com os "costilos" ou costelos. Manualmente,...
Na freguesia vizinha, paróquia do sr. reitor, toda a comunidade o admirava. A sua humanidade transparecia num sorriso acolhedor e numa relação de estima com todos, independentemente da sua origem familiar ou dos escudos que escondiam debaixo do colchão. Pelas ruas da sua paróquia, havia sempre um "bom dia" ao Sr. Horácio, que não acreditava em Deus.Um "até logo" à D. Lucinda que não faltava a uma missa do sr. reitor. Um "viva o Sporting" ao sr. Manuel para quem a instituição era uma religião.Na taberna, acompanhava os seus paroquianos numa "Sagres", pretexto para concretizar com os seus paroquianos a verdadeira mensagem evangélica. A mensagem de amor era partilhada na igreja e vivida nas ruas, tabernas e lares. O sr Reitor, por onde passava, levava sempre uma palavra de esperança. O sr. Reitor era pois a materialização da mensagem evangélica. Todos o admiravam e respeitavam: pobres, ricos, crianças,adultos, cristãos e ateus.
O verão terminara. Com o regresso do outono, somava-se a festa das vindima. Os conterrâneos que tinham partido para outras paragens regressavam neste tempo outonal. Os parentes necessitavam de ajudam na dura tarefa das vindimas. Agora era o néctar dos deuses que era necessário sugar daquelas encostas que recebiam beijos calorosos do sol. As uvas reluzentas, à semelhança de Inês que fora mandada degolar pelo avô de seus filhos, eram cortadas pelas mãos de homens, mulheres e crianças. Era a festa da família e dos amigos! Os primos de Artur que viviam na grande cidade deliciavam-se a respirar o aroma fresco da manhã. A dureza do trabalho era ultrapassado pelo convívio e pela partilha. Os burritos caminhavam por vales e encostas, transportando as uvas deliciosas que iam sangrando. A feijoada retemperava as forças, tão necessárias para fazer cumprir aquele ritual outonal. Quando o trabalho campal cessava, iniciava-se o ritual caseiro da pisa...
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