O SERMÃO

As senhoras da igreja orientavam os andores, dentro da geografia da igreja. O Pe. Jorge, suado como se estivera a cavar uma leira de terra, dirigia-se rapidamente para o altar, onde o esperava o Pe. Isidoro, o pregador da festa.
Nas alas do altar, lá se encontrava estrategicamente colocado, o Sr. Bernardino, bem penteado, com o fato de festa, riscado por uma gravata. O povo colocara-se nos locais hierarquicamente correctos: os homens à frente e as mulheres atrás. Eis pois a estratificação social: Clero e poder político de mãos dadas, homens e mulheres do povo.
Após os ritos iniciais e as leituras, eis o tão esperado sermão do P. Isidoro. Este era de tamanho mediano, muito branco de pele, com o cabelo rareando na cabeça. O seu tom de voz fazia calar a assembleia e concentrava os fiéis para as palavras. O seu vocabulário demasiado sensacionalista, fazia com que as beatas começassema tirar das ricas malas pretas os lenços brancos escolhidos especialmente para esta ocasião.
Após a a missa, a procissão sai pelas ruas da freguesias engalanadas com as colchas multicolores, levando algumas vezes a uma certa competição entre vizinhos. A banda de música ajudava na marcha. De vez em quando, parava para se rezar um "Padre nosso", como dizia o povo e para se cantar "Ó anjos cantai comigo".

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